sábado, 15 de fevereiro de 2014

POLÍTICAS PÚBLICAS: AÇÕES VOLTADAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL COM VISTAS À PREPARAÇÃO AO PRIMEIRO ANO DE ALFABETIZAÇÃO.


INTRODUÇÃO:
O presente artigo versa a respeito das políticas voltadas para a educação infantil como ponto inicial para o desenvolvimento do educando afim obter maiores rendimentos no primeiro ano do ensino fundamental (inicio de uma etapa fundamental na vida do ser humano). Desde os tempos remotos presenciamos um descaso com a educação infantil. Isso se deu devido a falta de profissionais legalizados. Porém com o passar dos anos a legislação ganha força e passa a delimitar de que forma o profissional irá trabalhar. Este profissional tratará das questões do cuidar bem  como também das questões pedagógicas, por serem indissociáveis, e assim darão suporte para concepção do primeiro ano do ensino fundamental.
Ainda o artigo fará menção as políticas geradas para o ensino fundamental, sobretudo para os anos de alfabetização. O PACTO Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, uma política novíssima, parece reascender todas as questões tratadas numa época anterior, pois dará aos docentes norteamentos esperados.


PALAVRAS- CHAVE:
Políticas públicas; educação infantil; ensino fundamental;


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

A educação brasileira é dotada de políticas públicas, cujo principal objetivo é elevar a qualidade do ensino que vem se mostrando cada vez mais defasado. Ao lembrar disto, logo pensamos no porquê destes acontecimentos, uma vez que nossa educação foi admirada por muitos. Que rumo tomaram nossas práticas que atualmente necessitam de um reforço governamental? Pois bem, elas estão neste cenário. Para tanto é necessário entender como elas surgiram e até onde, de fato, nos levarão.
O foco neste artigo será o surgimento de “ações reflexivas” (termo colocado para tal) a cerca da educação infantil, devido a ampla importância que a mesma vem obtendo ao longo dos anos. Para isso o nascimento das políticas se deram antes mesmo da vigência da atual legislação que concebe esta etapa de ensino (a primeira da educação básica brasileira).
Atualmente entende-se por educação infantil, segundo a LDB 9394/96:

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Porém, nem sempre foi assim. Segundo os estudos de Kramer, a educação infantil pode ser dividida em três fases históricas: a primeira faz alusão a época do descobrimento do Brasil até meados de 1874, onde as crianças abandonadas ou até mesmo as negras eram entregues as amas de leite para que fossem educadas para viver em sociedade. Logo mais, passa a existir a Roda dos expostos apenas com objetivo de dar assistência, descartando os maiores de doze anos para a Escola de Aprendizes de Marinheiros (1873). Podemos perceber, que ainda não haviam estímulos para que o infante de desenvolvesse de forma integral.
Já na segunda fase (1874 – 1889) a educação voltada para a infância passa a ser de cunho assistencialista/filantrópico, pois acredita-se na criança como o futuro do país, portanto necessidade de tratá-la bem para que o progresso ocorresse, de fato. Foi neste momento em que as condições higiênicas passaram a ser preocupação em prol do desenvolvimento infantil. Ora, se não houvessem as condições mínimas para que a criança se desenvolvesse, não haveria o porquê destes estabelecimentos continuarem funcionando.
Em 1884, surgem as primeiras creches com o intuito de levar a criança ao desenvolvimento para que as mães possam trabalhar para ajudar no sustento da família. Desta forma, a liberação para a mão de obra feminina passa a entrar no cenário brasileiro.
Na terceira fase (1889 – 1930), a educação infantil passa a ter um objetivo mais direcionado: educar o sentido das crianças por meio de canto, danças, jogos, entre outros. Atendendo crianças de quatro a sete anos. Porém, só em 1909 é que surge a oportunidade de matriculas aos filhos de operários com até dois anos de idade. Aos demais de faixa etária maior cabiam os tratamentos médicos quando necessitassem.
Mais tarde, as cidades começam a crescer e com isso o número de crianças cresce consideravelmente fazendo com que a vigilância sanitária ganhe consistência através dos médicos higienistas, porque de certa forma a preocupação maior era com o infante que não poderia viver em situação vulnerável.
Logo, com o surgimento da Lei 8069 de 13 de julho 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a garantia de inserção na educação infantil ficou assegurada a criança através da família como principal responsável, porém ainda não obrigatória (acesso a educação infantil). Ao mesmo tempo em que em seu artigo 71, “é garantido também à criança, e considerado preventivo, o direito à cultura, lazer e diversão na medida em que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.” Grandes possibilidades obterão, se estiverem matriculadas na primeira etapa da educação básica.
Porém é a partir de 1994, que visivelmente é possível perceber maiores avanços para a educação infantil: esta passa a ser olhada com mais especifidade por ser uma etapa fundamental para o educando onde o mesmo desenvolverá um potencial considerável para o seguimento nas outras etapas de ensino, antecipando o que mais tarde é defendido no RCNEI (1998).
Nasceu o primeiro documento de Política Nacional de Educação Infantil com o intuito de expandir a oferta de vagas para a criança de zero a seis anos e fortalecer a associação dos aspectos de cuidado e educação junto às crianças nas instituições de educação infantil. O cuidado ainda faz parte, ou seja, é indissociável das práticas educativas.
“A compreensão do papel da educação infantil caminha em direção ao reconhecimento da importância do integral o cuidar, ao educar e ao brincar na educação infantil, reconhecendo-as como práticas indissociáveis.” (BRASIL,1998)

Ao mesmo momento em que se percebe o cuidar como ação indispensável, pois proporcionará atenção para o infante, compreende-se sua singularidade e os anseios que a mesma demanda.
Com a chegada do Referencial Curricular para a Educação Infantil em 1998, a educação infantil passa de fato, a possuir uma atenção porque são defendidos vários aspectos que favorecerão aos alunos no seguimento de sua jornada escolar:

Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhe são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta. (Brasil, 1998)


A educação infantil passa a ser politizada, uma vez que o foco é desde já formar um cidadão capaz de desde a terna idade reivindicar da sua maneira. Ela deixa de ser assistencialista (apoio a mãe trabalhadora) e vai criando formas de instituição escolar.
Logo, através da Resolução CNE/CEN n.1 de 07 de abril de 1999 é criado o documento norteador das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dando subsídios na articulação, desenvolvimento, organização e avaliação de suas metas pedagógicas.
Outro aspecto a ser considerado no presente artigo, faz-se respeito ao profissional atuante nesta modalidade, na certeza de que os primeiros não possuíam formação legal.
Com o surgimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394, 20 de dezembro de 1996, os profissionais devem no mínimo possuir a formação Normal nível médio (antigo magistério), lembrando que a prioridade é possuir Licenciatura em Pedagogia ou Curso Normal Superior. Realmente faz-se importante toda a exigência para com a modalidade referente, pois reforçará a ideia de que o estabelecimento passa a ser de ensino e não assistencialista como nos tempos antigos.
Mas a educação não para nesta modalidade. Cabe aqui fazer um gancho da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental, especificamente o primeiro ano/alfabetização.
Embora se entenda que a educação infantil não é pré-requisito para o acesso ao ensino fundamental, o infante que nela frequenta terá na segunda modalidade um desempenho favorável.
Atualmente está em debate, principalmente por parte de alguns professores alfabetizadores da rede ao qual faço parte, o processo de alfabetizar antes da criança chegar no primeiro ano. Ora, acredita-se que não há necessidade, uma vez que a alfabetização dar-se-á no ensino fundamental, promovendo assim o conhecimento de acordo com a faixa etária a ser concebida, ou seja, de acordo com o nível de maturidade cronológica proposto por estudiosos.
Mas para que possamos entender um pouco mais também deste primeiro ano obrigatório faz-se necessário entender as políticas que existiram para este fortalecimento e quais estão vigentes.
Ainda que não tenhamos uma política de alfabetização eficaz (isso porque é recorrente a criação de inúmeras de acordo com a história nacional) é visível as tentativas com vistas a uma politização fixa.
Começando pelas cartilhas apresentadas pelo governo, parece que grande parte dos profissionais da educação sofrem. Há um sofrimento por serem criadas num contexto adverso das demais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o foco de determinados assuntos versam em torno realmente do que é visto por aqui. Portanto, os livros didáticos que deveriam partir da realidade dando suporte ao docente, acabam fracassando por tratar de questões mais centrais do país. E assim, ocorre com estados mais desfavorecidos e empobrecidos, não acompanhando por estarem menos desenvolvidos, inclusive, comparando com grandes metrópoles.
Mas abordar sobre as cartilhas é algo surreal, pois desde os tempos de alfabetização tradicional elas fazem parte, trazendo sempre conteúdos adversos como por exemplo o descrito em muitas delas: “Eva viu a uva” ou “O boi baba”. Frases sem muitos significados, mas que levam a criança a decodificar, reconhecendo a grafia apresentada.
Diante de tudo isso, podemos refletir se queremos alunos que apenas decodifiquem as letras/palavras/frases apresentadas ou que insiram um significado real ao que leem. Realmente deveriam haver políticas eficientes no que tange aos materiais de apoio ao docente.
Porém, não cabe aqui mencionar apenas os relevantes insucessos a respeito da alfabetização.
Como já mencionado, os alunos que ocupam os bancos da educação infantil possuem desempenho considerável quando inseridos no primeiro ano do ensino fundamental.
Assim, com as lei Leis Federais nº 11.114, de 16/05/2005 e nº 11.274 de 06/02/2006, que alteram a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20/12/1996 a preocupação maior é saber se as crianças obterão maturidade para receber o aporte de conhecimento a elas conferido.
Portanto, cabe fazer a seguinte análise: com a inserção do educando aos seis anos de idade e a duração desta modalidade com nove anos de estudos parece obter um avanço educacional uma vez que será possível reduzir grandes índices de evasão e também os níveis atuais de repetência.
Outra ação proposta e posta em prática pelo MEC é a Provinha Brasil, que vem testar os educandos, de acordo com a realidade das grandes metrópoles deixando as regiões menos favorecidas com níveis abaixo da nacional que já não está tão alta.
Ainda presenciamos desigualdades no que tange a educação no país: certamente que se deva respeitar a peculiaridade do local, mas que deve primar por questões gerais, caso haja necessidades de troca de instituição ou até mesmo estado.
Mas estas ações aparentemente confusas podem ser superadas com o PACTO Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
O PACTO surgiu para oportunizar aos professores ferramentas para dar maior suporte em sua prática pedagógica e assim, melhorar o desempenho em aula. Para tanto, são necessárias reuniões focando nos problemas apresentados em sala. A ação política tem como objetivo principal assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade. Para isso é necessário por parte do docente a participação nas formações, uma vez que os mesmos recebem bolsa para aceitar fazer parte do mesmo.
Pelo analisado a ação é significativa, embora ainda não se conheça por completo os materiais a serem trabalhados. Mas se sabe que o Pacto oportunizará as construções de conhecimentos por meio do lúdico, possibilitando ouvir, falar, ler e escrever sobre determinados temas.
É conveniente mencionar que haverá a possibilidade dos docentes inserirem as notas dos alunos na intenção de elaborar uma triagem do avanço na aquisição do conhecimento traçando um paralelo em nível nacional. Isso ocorrerá porque ao término do terceiro ano, os alunos serão submetidos a uma avaliação como a Prova Brasil.

CONCLUSÃO:
As políticas públicas são importantes para o movimento da educação. Elas, não fazem milagres, mas dão direcionamentos aos profissionais que dela se utilizam. Ainda, o Brasil é novo, em comparação a outros países, e necessita “engatinhar” devagar para não dar avanços que poderão ser prejudiciais a nação. Por outro lado, precisa aprimorar as políticas e tentar centralizar num eixo principal para que estas ações não possuam vigência apenas durante o ano ou até no ano seguinte. Que elas façam parte de uma estrutura educacional merecedora.
Quem sabe poderemos presenciar uma nação comprometida, de fato, com a única esfera que lançará indivíduos para as demais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, Adriana de; NASCIMENTO, Josilaine Burque Ricci; KFOURI, Samira Fayez. Políticas e gestão dos espaços educativos: pedagogia II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

BRASIL. LDB : Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional : lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 6. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011.

______.Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.Referencial curricular nacional para a educação infantil volume I/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

______. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa. Formação de professores no Pacto pela alfabetização na idade certa. Brasília: 2012.

   FURGHESTTI, Mara Luciane da Silva; GRECO, Maria Terêsa Cabral; CARDOSO, Rosinete Costa Fernandes. Ensino Fundamental de nove anos: os impactos das políticas públicas para alfabetização com letramento. Disponível em:http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewfile/2470/354. Acesso em: 11 maio de 2013.

SILVA, Carmen Virgínia Moraes da; FRANCISCHINI, Rosângela. O surgimento da educação infantil na história das políticas públicas para a criança no Brasil. Disponível em: http://periodicos.uesb.br/index.php/praxis/article/view/746. Acesso em: 11. maio. 2013.

Relato de experiência utilizando um livro das obras complementares da formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: alfabetização e letramento nas diferentes áreas do conhecimento.




Tendo por objetivos a produção de um  mapa para posterior localização imaginária da história ouvida e diferenciação de animais vertebrados e invertebrados, o docente inicia sua prática conduzindo os alunos até a sala, organizados num grande semi-círculo com uma caixa de cor azul na frente provocando olhares atentos para a mesma. Desta forma iniciou-se um trabalho integrando língua portuguesa, no sentido de fortalecer o Sistema de Escrita Alfabética, geografia: conceito de localização por meio do mapa/croqui e ciências (animais vertebrados e invertebrados. Perpassando pela matemática (conceito de dimensões) e artes (pintura). Estes dois últimos, sem maiores ênfases. Entendendo que a leitura ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita, foi de fundamental importância oportunizar o momento deleite para os alunos. Ao contar a história Música no Zoo, provocou-se a curiosidade em descobrir qual seria o próximo animal apresentado e seu respectivo instrumento musical.
  Atualmente, com esta nova proposta, viemos substituir a descrição direta dos conceitos uma vez que a geografia escolar principalmente dos anos iniciais deixa de ser fragmentada e fechada em círculos. Assim, os alunos foram convidados a esboçarem um mapa/croqui coletivamente para localizarem cada animal levando a percepção de que tudo que é real pode ser representado de forma menor.  A cada aluno que se propôs a desenhar a localização do animal foi oportunizado criar uma legenda para as pessoas que não compreendessem tal fato pudessem assim entender. Ainda, os alunos registraram em seus cadernos a escrita dos animais apresentados na história para analisar o número de letras, número de sílabas bem como a formação das sílabas (união das letras) para a composição das determinadas palavras. Para dar seguimento ao trabalho, de forma a entrelaçar as diferentes áreas do conhecimento o docente propôs a pintura dos animais da história: Música no Zoo. Nessa perspectiva, o ensino de ciências não poderia dar-se diferente.       
  Percebendo a importante relação que se dever dar ao ser humano relacionando -se com os animais, o docente reuniu as produções artísticas e fez uma breve fala a respeito dos animais vertebrados e invertebrados, levando os alunos a compreenderem como se dá a classificação destes por meio de um grande debate. Considerando os direitos de aprendizagens tanto da geografia quando das ciências, entende-se que realmente é importante utilizar as obras complementares, especificamente as histórias infantis porque subsidiarão o docente afim de unir as diferentes áreas do conhecimento deixando de lado o ensino fragmentado.

Referência:
 - BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Acervos complementares: alfabetização e letramento nas diferentes áreas do conhecimento. MEC. Brasília: 2012


Anexo:

Música no Zoo                            
Autora: Cecília Cavalieri França                            
Ilustrações: Carolina Merlo                        
Editora: Fino Traço, 2011. Zoo era um zoológico diferente. Lá, bicho falava, bicho cantava, bicho tocava até instrumento. Mas, não tinha platéia, uma banda tão legal! Então Dante teve uma ideia, para lá de original: fazer um show... convidar criança... estourar pipoca... dar uma festança.